Aprendizagem e conhecimento
Aprender para conhecer/conhecer para aprender
Oliveira, Anadir Francisca do Carmo*
“Aprender é a única coisa que a mente nunca se cansa, nunca tem medo e nunca se arrepende.”
Leonardo da Vinci
Discutir sobre aprendizagem e conhecimento tornou-se atualmente uma questão emergente, são muitas as concepções e diferentes posições frente a esse tema. Como aprender a aprender e conhecer são questões que fazem parte das inquietações de muitos educadores e pesquisadores da área.
O que se deseja com este texto, é elencar brevemente alguns conceitos históricos desde a antiguidade até a contemporaneidade sobre aprendizagem e conhecimento, baseado nas concepções de alguns autores, que concordam e divergem em muitos sentidos nessas discussões.
E também, discutir sobre outra questão que figura neste cenário sobre o desenvolvimento da aprendizagem e práticas pedagógicas na visão dos autores Jean Piaget (contemplando os estágios do desenvolvimento cognitivo) e Lev Vygotsky (contemplando a interação social e o desenvolvimento potencial).
Não se almeja apontar o que é certo ou incerto na filosofia de cada um. Mas sim uma estratégia para se pensar (ou repensar) no papel do professor como formador de cidadãos autônomos, e alunos reflexivos, dono de suas ações, capazes de interferir no contexto social, do qual fazem parte, como mero expectador.
Por fim, realizam-se algumas considerações sobre a questão acima citada aprendizagem, conhecimento e desenvolvimento cognitivo e estratégias para pensar. Não se deseja concluir, e sim contribuir para futuras discussões e reflexões acerca desses assuntos.
*Técnica do Centro de Formação de Formadores (CEFOR), da Secretaria Municipal de Educação de Campo Grande-MS; Pedagoga, Especialista em Gestão Educacional pela Universidade Católica- Dom Bosco - UCDB
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Concepção histórica da aprendizagem
Desde a antiguidade, filósofos e pensadores preocuparam-se com os fatos da aprendizagem do tipo verbal ou ideativo. Daí a razão por que as primeiras teorias se confundiram com as explicações dos processos lógicos e com as teorias do conhecimento. A noção de aprender se confundia com a ação de captar idéias, fixar seus nomes, retê-los e evocá-los. Porém seria, há um tempo, conhecer e aprender. Eis algumas concepções sobre aprendizagem, na antiguidade e contemporaneidade.
Para Sócrates o conhecimento preexiste no espírito do homem e a aprendizagem consiste em despertar esses conhecimentos inatos e adormecidos. Para ele o método da maiêutica (arte de levar o interlocutor a descobrir verdades que ele já possuía, embora desconhecesse) ou partejamento da idéias. (Campos, 1971). Sócrates foi o mestre do diálogo(Lara).
O racionalismo de Platão enfoca os aspectos internos dos indivíduos dando
a priori pela hereditariedade. Ele também nos legou diálogos. O sujeito já nasce
com as estruturas mentais prontas. O conhecimento é algo que vem de dentro
para fora, decorrente do exercício, pelo sujeito, das estruturas mentais que possui.
O sujeito age sobre si mesmo e sobre o objeto a ser conhecido.
No empirismo de Pavlov o enfoque são os aspectos externos do individuo, O meio é que leva o sujeito, ou seja, de fora para dentro. Nessa perspectiva empirista, o conhecimento é transmitido e repassado pelos componentes do mesmo. O meio age sobre o sujeito.
Na psicologia cognitiva que se explicam os processos de desenvolvimento cognitivo e aprendizagem, dois teóricos renomados da psicologia colocaram, no século XX, as questões da aprendizagem Jean Piaget, Lev Vygotsky. Essas concepções se fazem muito presentes, hoje na educação brasileira e, conseqüentemente, nas questões e mudanças pedagógicas que ocorrem na escola e na sala de aula.
Estudos reflexões e discussões sobre a teoria construtivista de Jean Piaget e do socioteracionista de Lev Vygotsky expandem cada vez mais no universo educacional e mundial.
As idéias e descobertas de ambos levaram a busca de mudanças significativas e urgentes no fazer pedagógico e em especial na alfabetização (anos inicias).Piaget e Vygotsky concordam que “a inteligência humana de desenvolve no individuo em função das interações sociais”. Isso quer dizer que consideram o homem geneticamente social.
No sócio construtivismo de Piaget e Vigotsky o enfoque é no objeto do conhecimento, no meio ambiente e na interação.
O sujeito vai formando seu intelecto lentamente interagindo com o mundo e tornando-se cada vez mais autônomo, construindo e buscando conhecimento dentro do seu ritmo, seu interesse, suas necessidades e possibilidades.
Portanto, o sujeito age sobre o objeto e o meio numa interação marcada por trocas recíprocas com e entre ambas.
Na teoria sócio construtivismo considera-se que o conhecimento é construído pelo sujeito, num processo contínuo e dinâmico do saber ao longo de toda sua história de vida, na interação com o meio onde ele vive e com as pessoas com as quais convive na família, na comunidade escolar, na igreja, enfim, em todo o lugar.
O sujeito é um ser ativo, que age sobre os objetos de conhecimento, no seu meio, interage socialmente e sobre influência dos mesmos, ao mesmo tempo, que interioriza vários conhecimentos a partir de suas ações.
Diante disto, como acredita Antunes (2001), que “o conhecimento é resultado da ação do aluno sobre o mundo, o que equivale afirmar que a atividade do aprendiz é indispensável”. Assim, o sujeito é visto como um indivíduo que traz conhecimento decorrente de suas estruturas cognitivas e de suas aprendizagens e experiências vividas no cotidiano, e também os recebe do meio. E é na interação inter-psíquica (dentro de si mesmo) e inter-déias (com o meio e os outros) que os conhecimentos ou aprendizagens são construídos.
Sabe-se que na construção do conhecimento pelo sujeito, estão sempre presentes nos aspectos internos e externos e é no âmbito dessas estruturas que o sujeito constrói o conhecimento, isto é, que aprende como expressa Ribeiro.
Grandes teóricos da aprendizagem
Jean Piaget (1896-1980) psicólogo e biólogo, formulador da teoria do desenvolvimento da inteligência humana e é hoje, considerado um dos mais importantes teóricos nessa área.
Piaget descobriu que o aprendizado é um processo gradual no qual a criança vai se capacitando a níveis cada vez mais complexos do conhecimento, isto é, seguindo uma seqüência lógica. Este cientista, mostra em seu estruturalismo genético, que todas as crianças passam por estágios estáveis de estruturação de pensamento em crescente complexidade psicogenética, que são: estágio sensório-motor, estágio pré-operatório, estágio das operações concreto e estágio lógico-formal.
Veremos como Piaget vê cada um dos estágios.
Sensório-motor - geralmente ocorre de zero a dois anos aproximadamente. Nesta fase o conhecimento se dá pelo contato físico da criança com o objeto. Ilustrando este quadro na prática podemos dizer que é de suma importância que converse, brinque e questione.
Pré-operatório - que ocorre geralmente de dois a sete anos aproximadamente. Esta é a fase em que as crianças entram em contato com o conhecimento produzido pelas pessoas que as cercam através das atividades de representações como jogo simbólico, o desenho e a linguagem. A ilustração nesta fase será na prática de garantir e incentivar as crianças ao contato maior e com freqüência com os materiais utilizados nas práticas de ler, dialogar, ouvir e escrever. Tendo contato diariamente com materiais tais como: livros, revistas, jornais, lápis, cadernos, computadores, etc. e também dialogando, questionando, imaginando e relatando suas histórias verdadeiras ou imaginárias.
Estágios de operações concretas - (de 7 a 9/12 anos) aproximadamente nesse período a criança começa a desenvolver os níveis operatórios de classificação; seriação e conservação. Nos conhecimentos lógicos, matemáticos e no conhecimento social arbitrário torna-se capaz, desde que já tenha desenvolvido os conhecimentos prévios necessários, de agir sobre os símbolos e informações, transformando-os e incorporando-os aos seus conhecimentos prévios, como, por exemplo, as regras de convivências e fatos históricos. Ela é capaz de reconstruir as ações por meio de imagens e de experiências mentais.
Estágio Lógico-formal a partir dos 12 anos aproximadamente. Nesta fase, é a ultima fase da construção da inteligência, a criança/pré-adolescente já é capaz de fazer uma operação ao contrário, ou seja, já lida com reversibilidade, ser capaz de retornar ao seu início. A criança/pré-adolescente já poderá trabalhar com atividades mais abstratas, porque começa a ter estrutura para fazê-lo.
Piaget explica que entre um estágio e outro existe um intermediário na qual convivem, em estado de desequilíbrio, as concepções do estado anterior ou do posterior.
A criança parte de uma posição egocêntrica aquela que ainda não distingue a existência de um mundo externo separada de si próprio, e com isso vai formando sua inteligência através de processos de adaptações, assimilações e acomodações, assim chegando à interação com o mundo externo, e com isso reduzindo o egocentrismo.
Piaget e Vygotsky concordam que “a inteligência humana se desenvolve no individuo em função das interações sócias” afirma (Ribeiro, 1999).
Na perspectiva vygotskiana, o ser humano se constitui na relação com o outro. Como acredita Friedmann “A característica essencial da aprendizagem, como diz, Vygotsky, engendra a área de desenvolvimento potencial: faz nascer, estimula e ativa, na criança, processos internos de desenvolvimento no âmbito das inter-relações com outros, são absorvidos pelo curso do desenvolvimento e se convertem em aquisições internas da criança”.
Partindo do pressuposto de que o individuo necessita das interações para desenvolver capacidades, é de fundamental importância que o educador busque essa interação entre professor/aluno desde os primeiros dias da vida escolar, interagindo, pesquisando, colaborando, refletindo sobre o seu fazer. E é por meio da oralidade, que no início, as crianças participam das mais variadas situações de interação social e aprendem sobre as coisas, sobre a sociedade, enfim sobre ela própria.
Na convivência de tais situações as crianças aprendem a falar desde muito pequena, e quando chega ao ensino fundamental, já consegue interagir com certa autonomia na escola, aprendem a produzir textos orais desde os primeiros dias de aula, e deparam com outros que não são comuns no seu cotidiano. Na instituição escolar, elas devem ampliar suas capacidades de produção e compreensão de textos orais mais formais, e com isso, favorece sua convivência com uma grande variedade de contextos de reflexão e a interação, percebendo as diferenças entre uma situação e outra e sobre os textos produzidos.
Sabemos que com a leitura e a escrita ocorrem mais ou menos do mesmo jeito. As crianças observam textos, frases, palavras, letras e números em diferentes suportes, como outdoors, placas, rótulos de embalagens, e ainda escutam histórias lidas ou contadas por outras pessoas. E essas experiências culturais como as práticas de leituras e escritas, geralmente são mediadas pela oralidade, assim as crianças vão se constituindo como sujeitos letrados.
Porém, é sabido, que as crianças que vem de ambientes onde tenha maior contato com experiências de leitura e escrita, já começam desde cedo refletirem sobre as características dos textos que circulam ao seu redor.
Diante disto, é mister uma decisão pedagógica a fim de reduzir as diferenças sociais, a escola precisa garantir a todos a vivência de práticas de leitura e produção de textos diversificados (diariamente), isto é, construindo e reconstruindo (DEMO) cada fase da leitura e cada passo da escrita. A professora tem que dar exemplos sendo leitor e escritor em sala de aula incentivando e mostrando as crianças que podemos escrever o que pensamos e falamos. Para ilustrar, pedir a um componente do grupo que pense em algo e a professora como escriba mostrará para toda turma que a fala (pensamento) se transforma em escrita.
Como aproximar as crianças e adultos dos livros para avançar no processo de alfabetização?
Quem disse que é necessário ter uma biblioteca para aproximar as crianças dos livros?
Para aproximá-los da leitura em primeiro lugar é necessário que disponibilize materiais de leitura para as crianças, tais como: livros literatura infantil, livros didáticos,
Gibis e revistas entre outros.
A idéia de transformar a sala de aula em um espaço de leitura é de suma importância para o professor alfabetizador e os alunos. Neste espaço é necessário que o professor focalize na sua rotina diária, desde os primeiros dias de aula, o acesso a contação e leitura de histórias feita pelo professor e também pelos alunos e com isso criando o hábito e o gosto pela leitura.
Como aprendemos
Segundo pesquisa (Giblin,1985),
83% vendo (olhando)
11% ouvindo
3,5% cheirando
1,5% tocando
1% provando
Sendo assim, percebemos que as crianças e adultos precisam ser estimuladas a contar suas próprias histórias e a manusear e ler livros desde pequenos e com isto desenvolvendo a oralidade, organização das idéias e hábito de manusear e ler livros.
Segundo Pedro Demo, aprender não é reproduzir o conhecimento, mas reconstruir, pesquisar, elaborar. Essas atividades constituem o que chamamos de “saber pensar” que se centra na idéia de saber ler criticamente a situação e nela intervir de modo inteligente e efetivo.
Portanto, todos aprendem. Vamos a cada dia aprendendo as mais variadas formas de fazer as coisas, de nos comportarmos; aprendemos a usar a língua, (desde muito pequenos na prática da oralidade), os números, as habilidades e novas atitudes. Aprendemos a engatinhar, caminhar, ler, pesquisar, elaborar, pensar, escrever e refletir sobre várias outras coisas. A aprendizagem faz parte da nossa vida, e é tão óbvia que quase não percebemos ou damos conta de sua importância.
O sujeito já nasce com certos comportamentos programados, ou seja, inatos, que são: os reflexos e certas tendências que vão se incorporando ao que ele vai aprendendo; (conhecimentos prévios). E isto garante a nossa sobrevivência como: pessoa, como povo e como espécie humana; é nossa capacidade de aprendermos uns com os outros a partir do nosso ambiente (Vigotsky). As formas de aprendizagem são múltiplas. Todas elas se dão de forma naturalmente normal, uns em contato com os outros, isto é, (sujeito/sujeito; sujeito/objeto (Piaget, 1970).
Dentre os seres vivos, o ser humano é o único capaz de aprender fora do contexto de utilização do conhecimento. E isso só é possível devido às capacidades de abstração (ausência da representação figurativa de um objeto) e generalização (tomar consciência, isto é, apropriar-se dos mecanismos da ação própria) dicionário da Língua Portuguesa, Larousse cultural, p.8, 1992), que lhes permitem aplicar conhecimentos aprendidos em um contexto a situações e contextos diferentes. A escola, a instrução, e o ensino formal são instrumentos para promover essa aprendizagem de forma eficiente.
Como acredita Piaget, alguns fatores são de grande importância para sucesso da aprendizagem eficiente: o conhecimento prévio, a motivação, as estratégias e hábitos de aprendizagem.
Conhecimento prévio: O conhecimento prévio do sujeito influi muito nas suas novas aprendizagens. Quanto mais ele sabe sobre leitura mais facilmente aprende e entende a leitura. Quanto mais experiência tem com o hábito de leitura na escola e na sua vida cotidiana, mais pode aprender sobre.
O conhecimento prévio refere-se tanto a conhecimento gerais e específicos. Por exemplo: para poder ler palavras, frases e textos ele necessitará conhecer antes as letras e sons.
O conhecimento especifico, é o que chamamos de comportamento de entrada ou requisito, por que é preciso sabê-lo para adquirir um novo conhecimento.
O conhecimento geral também contribui para auxiliar na aquisição de novos conhecimentos. Se o sujeito conhece sobre como manusear um livro, utilizar o lápis, o caderno ou o computador ele terá mais facilidade para aprender a ler, escrever, digitar. Tanto no conhecimento específico e geral, não é mera quantidade, mas sim forma como esses conhecimentos são estruturados no cérebro, que contribui para o futuro processamento da informação existente e assimilação* de
novas informações.
Sabemos que a contextualização é de suma importância, no momento de aprender, auxilia o sujeito/aprendiz saber onde poderá usar o conhecimento). A generalização refere-se, a contextos mais próximos sem determinantes na capacidade de o sujeito comportar-se como um aprendiz, como acredita Oliveira.
Diante disto, sabemos que o fator mais importante para a aprendizagem é aquilo que o sujeito já sabe. Cabe, então, ao professor averiguar, motivar e diagnosticar o que o sujeito já sabe e ajudá-lo a chegar a um novo conhecimento.
Motivação
Motivar para aprender: A motivação é outro fator de grande importância. Quanto maior for a motivação do sujeito para aprender, terá maior disposição e mais êxito. Parte de fundamental da motivação é o interesse pelo que se está aprendendo. Por isso, a grande razão que especialistas enfatizam a importância do sujeito compreender e refletir sobre o significado do que está aprendendo. Quando o sujeito percebe que aquilo que ele aprende tem valor para sua vida cotidiana, isto é, que é significativo para ele, adquire mais interesse pela aprendizagem. Isso faz com o sujeito estabeleça relações significativas entre idéias abstratas e aplicações práticas, permitindo assim que os conceitos sejam internalizados por meio do processo de descoberta, reforço e inter-relacionamento. Por exemplo: O sujeito quando reconhece as letras do seu nome, pode pesquisar em livros, jornais ou revistas palavras começadas com as letras do seu nome, ou, o sujeito que faz uso do computador, consegue digitar, pesquisar e concluir seus trabalhos. A motivação interage com o conhecimento prévio quando algo, já aprendido antes, serve de elemento de ligação para uma nova aprendizagem, aumentando assim, o grau de significação do conhecimento. Quanto mais o sujeito sabe sobre um assunto e se torna capaz, maior será o desejo de aprender.
Estratégias e hábitos na pesquisa: Estratégia: arte de planejar, buscar, conhecer. Hábito: maneira de agir, pensar algo.
Pedro Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana, considerando-a como uma atitude, um “questionamento” sistemático, crítico e criativo, mais a intervenção competente na realidade, ou diálogo crítico permanente com a realidade em sentido teórico e prático.
Ainda buscando na filosofia, o objeto de pesquisa é o próprio pensamento sobre a realidade, que precisa ser pensada, seja em si mesma, na sua generalidade, seja nas suas particularidades. (SAVIANI, 1990). A filosofia é uma atividade do pensamento que visa à compreensão. Então aprender a filosofar é estar atento ao convite ao pensar. Refletir como se deve pensar, como se deve agir e como se deve viver, expressa Agnes Helier.
Porém, sabemos que pensar não é trabalho fácil, exige grande esforço, mais se formos graduando aos poucos, processando conhecimentos, fazendo perguntas a si mesmo sobre o que está sendo aprendido, a compreensão e o nível de retenção, serão sempre superiores aos alunos que não usarem as táticas do questionar, refletir e duvidar sobre o assunto estudado.
Entretanto os profissionais da área da educação necessitam buscar em todas as estratégias e hábitos dentro do refletir e agir com autonomia, pois parece ser uma das expressões mais adequadas que caracteriza uma tendência marcante no contexto educacional. Como acredita Alarcão (1996) o “homem tem que reaprender a pensar” é por isso que se tornam importantes discussões, reflexões sobre a formação de professores e alunos como uma estratégia para auxiliar o sujeito a reconquistar sua emancipação.
Portanto, torna-se necessário o resgate a base reflexiva da formação do cidadão para entender os processos utilizados na resolução das situações de conflitos do cotidiano.
Sendo assim, como acredita Freire (1979) que quanto mais o homem for levado a refletir sobre sua situação, sobre seu espaço/tempo, seus problemas, mais emergirá dele consciência “carregado” de compromisso com a realidade, da qual, ele é sujeito, deixando de ser um simples expectador, e nela intervindo cada vez mais e com mais segurança.
Iniciando as considerações finais deste texto, relacionam-se alguns aspectos que merecem ser discutido: as concepções de aprendizagem, desenvolvimento cognitivo e a estratégia para se pensar ou repensar dos professores e alunos e conseqüentemente cidadãos reflexivos.
Frente ao impasse de se tratar de aprendizagem, considera-se inerente o conhecimento. Não é possível demarcar o território de um e de outro. Acredita-se que quanto mais fragmenta a compreensão real, mais se afasta da compreensão de sua complexidade.
Vygotsky e Piaget concordam em certos aspectos de suma importância e aponta que esses termos caminham um ao lado do outro, porém as práticas são prioritárias. Visto que os professores e alunos são aprendizes em um contexto, composto por relações sociais, políticas e culturais, e estas só podem ser vivenciadas com o seu contato com o ambiente complexo que o cerca.
O processo do aprender faz parte da vida desde o nascimento e é contínuo, organizado a partir das necessidades expressas pelos sujeitos e vinculados à realidade da sociedade (comunidade), e isso se constitui numa oportunidade de desenvolver a aprendizagem em todo o sentido, voltado sempre para a formação de cidadãos críticos e cientes de seus direitos e deveres, capazes de promover mudanças em seu contexto social.
Pois, ainda acredita-se que a educação (aprender a aprender! Saber fazer) é uma importante estratégia por meio da pesquisa para a transformação da nossa sociedade, mas para isso e necessário ser constantemente, discutida, refletida e questionada, sendo assim, uma ferramenta política que deve ser tratada de forma integrada, os diferentes aspectos que, compõem a práxis humana.
ALARCÃO, 1. Formação reflexiva de professores: estratégias de supervisão. Ed. Porto, 1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Língua Portuguesa! Brasília l44p.
BECKER, Fernando. Educação e Construção do Conhecimento. Porto Alegre: artmed, 2001.
CAMPOS, Dinah Martins de Souza. Psicologia da aprendizagem, 8 ed. Petrópolis,Vozes. 1980.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. São Paulo: autores associados, 1 996.
_______.Saber pensar. São Paulo: Cortez,2000a.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da esperança: Um encontro com a pedagogia do oprimido - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
FRIEDMANN, Adriana. Brincar: crescer e aprender o resgate do jogo infantil - São Paulo: ed.moderna, 1996.
GOTZENS, Concepción. A disciplina escolar:prevenção e intervenção nos problemas de comportamento/Concepción Gotzens; trad. Fátima Murad. 2.ed.- Porto Alegre: Artmed, 2003.
LA TAILLE, Yes de -1951 Piaget, Vygotsky,WaIIon: teorias psicogenéticas em discussão! Yves de La Tailie, Marta KohI de Oliveira, Heloisa Dantas. São Paulo: Summus,1992.
RIBEIRO, Lourdes Eustáquio Pinto. Para casa ou para sala — Proposta Didática de Alfabetização. São Paulo: Didática Paulista.1990.
SAVIANI, Dermeval. Contribuições da Filosofia para a Educação. Em Aberto, ano 9 n.45, jan.mar.1990.
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- Anadir
- Ler e escrever e o começo da grande ciranda da alfabetização...
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